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Novos olhos

É impressionante quando finalmente conseguimos. Impactante ao último nível. A adaptação pode ser complicada, mas muitos afirmam categoricamente: vale a pena.

No princípio, o mundo parece girar e perde-se a noção de espaço! As escadas parecem ter cada degrau em um lugar inalcançável pelos pés, o chão, quando se olha para ele, está mais longe. As pessoas são menores. Ou maiores. Com tanta informação nova, muitas vezes a cabeça dói.

Foi assim naquele dia em que, depois de tanto tempo, finalmente aconteceu. Uma sensação completamente nova tomou conta, coisa que eu nunca tinha visto, lido, ouvido etc.

Foi como se eu tivesse ganhado novos olhos. Ou, quem sabe, uma nova lente para enxergar o mundo. O mais triste é que, apesar dessa euforia aparente, não estou falando sobre uma formatura, um livro, uma grande quantidade de conhecimento, não, nada disso. Tudo é bem mais literal do que se pensa.

É que, agora, eu uso óculos.

 

Por Gabriel Goes


A revolta das máquinas

Grandes e pequenos autores de ficção científica adotaram, ao longo da história, a revolta das máquinas contra os homens como tema recorrente de suas obras. O dia em que aquelas invenções mecânicas se voltarão contra nós todos, criadores, é mera questão de tempo para alguns. O fato é que estamos cada vez mais dependentes da tecnologia que criamos, seja para otimização de processos do dia-a-dia, seja para conforto ou simples diversão; já não vivemos sem celular, televisão, computador e afins.

A cada dia, todos esses aparelhos se modernizam e atualizam, e nós nos atualizamos com eles, temos de estar conectados. E é nessa hora que parece que a revolta das máquinas começa a acontecer. Agora. É típico daqueles dias em que tudo parece dar errado tentar ligar o computador e o dito cujo não responder aos nossos comandos. As pilhas do controle remoto subitamente acabam, o microondas não esquenta a comida e a geladeira não a gela. E quando o celular não tem sinal e nos deixa a mercê do isolamento?

Nós as criamos, e nossa dependência nas máquinas que nos cercam cria o medo de revolta. Mesmo que não seja conscientemente (pelo menos não ainda), elas estão suscetíveis a falhas, assim como nós. Para se livrar dessa revolta, tão perigosa, é fácil: é só nos desligarmos do mundo tecnológico. Pensando melhor, é impossível. Hoje, criamo-las, mas e amanhã? Nossa dependência se transformará em submissão e abrirá caminho para uma revolta como profetizaram os escritores de ficção científica, ou esse medo será domado? Seja lá o que for acontecer, preparemo-nos. Elas estão em todo lugar.

Por Gabriel Goes


Pobre Florentina…

Nem a Florentina, como boa cidadã brasileira que é, mesmo tendo seduzido Tiririca, imaginaria um dia ver seu objeto de desejo como parlamentar da Câmara dos Deputados. Mas quem sabe não tenha ela votado nele, não é mesmo? O certo é que mais de 1 milhão de pessoas votaram, e assim Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido por seu nome artístico de palhaço, se elegeu. E lembrem-se: em São Paulo, e a deputado federal. Dada essa situação, perguntas não param de vir a minha cabeça sempre que penso no assunto: “Mas como assim!? Por quê!? Como!?”. É tudo muito absurdo.

De onde surgiu a malévola e macabra ideia de misturar Tiririca com política? Ora, existe um processo tenebroso dos “puxadores” de votos, já que, atingida a cota do partido necessária para eleger determinado candidato, os votos excedentes vão para candidatos a cargo de menor importância, ou seja, deputados estaduais e distritais. E quem melhor para executar tal tarefa senão uma figura de grande popularidade? Pois é, e o escolhido pelo Partido da República, o PR, foi… Tiririca.

Não poderia ter dado mais certo: Tiririca foi à televisão e falou qualquer bobagem que lhe desse na cabeça. Falou os mais terríveis absurdos sobre desconhecer a situação e o trabalho de um parlamentar que deve (ou ao menos deveria) servir à  população que nele vota e mesmo assim foi eleito o deputado mais votado no Brasil com ampla folga. E de brinde o PR levou mais alguns deputados estaduais totalmente desconhecidos, que desbancaram candidatos mais bem votados. Temos que ter enfiada por nossas goelas abaixo essa manobra política que só pode ter se dado por maneiras escusas, com fins de eleger gente que não merece estar lá e provavelmente não estaria se não fosse Tiririca.

Então, quando tudo parecia não poder piorar, eis que surge a denúncia de que o tal palhaço eleito pelo PR teria falsificado um documento que deve apresentar para tomar posse de seu cargo. E mais: ele era analfabeto. Processos movidos e pauzinhos mexidos na Justiça, bastou um mês de enrolação por parte dos advogados de Tiririca para que ele aprendesse minimamente a ler, escrever e interpretar uma notícia. No dia de sua audição, apesar de errar 8 das 10 palavras do ditado e demorar 3 minutos para ler uma manchete de jornal, além de precisar de uma segunda chance para interpretar o significado de um subtítulo de uma matéria, Francisco Everardo, vestido como gente comum, nos fez todos de palhaços ao obter um resultado considerado satisfatório.

Em suma: o palhaço vai por um terno, tomará posse e comparecerá à Câmara. Redigirá emendas, lerá propostas de seus companheiros. Ou ele não será capaz? Agora que fomos todos vítimas dessa manobra, desse subterfúgio da politicagem fisiologista e de pessoas que, talvez em protesto (contra o quê?) ou em um momento de burrice insana, deram a Tiririca mais de um milhão de votos, teremos que engolí-lo, seja como for. E a todos que vieram com ele também.

Pobre Florentina, Florentina de Jesus… Por essa, tenho certeza que nem ela esperava.

 

Por Gabriel Goes


A honra em servir

Todos os leitores assíduos (ou nem tanto) desse humilde (ou nem tanto) blog devem se lembrar do texto aqui publicado por mim em que eu relatava minha experiência em um debate ocorrido na UnB com a participação de, entre outro, Leando Fortes, blogueiro e jornalista da Carta Capital. O título do post é “Uma experiência diferente”. Juntamente ao relato, imprimi as emoções que senti, naquele dia, ao ouvir o tal blogueiro e jornalista falar, com seu jeito petulante, rascante, e alguns adjetivos mais, quem sabe impublicáveis aqui.

Pois bem, hoje, lendo o Blog do Noblat, no site d’O Globo, me deparo com um texto, lá publicado, de quem? Leandro Fortes, como não. Qual não foi meu espanto (ou melhor, espanto nenhum) ao constatar que todos os sentimentos que haviam aflorado naquele dia do debate não eram meramente emocionais, e sim tinham base concreta na realidade. Base esta providenciada pelo próprio Fortes, ao fazer com que me deleitasse com a leitura de seu texto, que diz o seguinte:

Lula entre os sujos

Do blog Brasília, eu vi, de Leandro Fortes

Amanhã [hoje], quarta-feira, dia 24 de novembro, terei a honra de participar do grupo de blogueiros progressistas convidado pelo Palácio do Planalto para entrevistar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Da última vez que entrevistei Lula, eu era um garoto de 23 anos e ele estava no meio de uma guerra: as eleições presidenciais de 1989, as primeiras desde o fim da ditadura, em 1985.

Eu era repórter do Jornal da Bahia e havia sido mandado para uma coletiva com Lula, em Salvador, na sede do Sindicato dos Bancários, no centro da cidade. Lembro de ter perguntado sobre a dificuldade dele e do PT de arranjar empresários que ajudassem a financiar a campanha contra Fernando Collor de Mello, o José Serra de então: bajulado pelo empresariado, apoiado pela mídia e sustentado pelo conservadorismo da Igreja e da classe média.

Também quis saber de Lula a opinião sobre os boatos de que, uma vez eleito, ele iria tomar os apartamentos dos bairros nobres das capitais e entregar aos pobres. Era esse o nível daquela campanha.

Lula, ainda um homem jovem de barbas muito negras, cansado e bem humorado, disse que havia desistido de conquistar a simpatia de empresários e que a história dos apartamentos devia ser creditada a quem tinha medo da democracia.

Dali, saí correndo para fazer outra entrevista incrível, na sede baiana do PDT, com Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, então com 90 anos, que estava em Salvador para declarar apoio a Lula.

Com essas duas matérias, voltei à redação para me reportar ao meu chefe da época, João Santana, o “Patinhas”, que viria a ficar famoso, anos depois, por ter sido o marqueteiro que reelegeu Lula em 2006 e, agora, por ter garantido a eleição de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil. A Bahia é mesmo um lugar interessante.

A entrevista com Lula será transmitida ao vivo pelo Blog do Planalto e por outros sites e blogs que queiram transmiti-la. Haverá também possibilidade de participação por meio do twitter.

Além de mim, também participarão da entrevista os blogueiros Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes (Vi o Mundo), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna).

Esse mesmo grupo foi chamado por Serra, no auge da baixaria da campanha eleitoral, de representantes de “blogs sujos”, uma referência nervosa a um tipo de mídia que pegou o tucano, uma criatura artificialmente sustentada pela velha mídia corporativa, no contrapé.

Nem Serra, nem ninguém na velha direita brasileira estavam preparados para o poder de reação, análise e crítica da blogosfera e das redes sociais. Matérias falsas, reportagens falaciosas, discursos hipócritas, obscurantismo religioso e a farsa da bolinha de papel, tudo, tudo, foi desmontado em poucas horas dentro da internet.

Chamar-nos de “sujos” nem de longe nos alcançou como ofensa, pelo contrário. Nós, os “sujos” fizemos a história dessa eleição. Serra e seus brucutus terceirizados sumiram no ralo virtual.

O fato de o presidente mais popular e melhor avaliado da história do Brasil se prontificar a nos receber, no Palácio do Planalto, para responder, sem reservas, aos nossos questionamentos (detalhe: nem todos são jornalistas), demonstra a dimensão exata de nossa participação no atual processo político.

De minha parte, me sinto muito honrado com o convite.”

Se todos leram e foram capazes de tirar suas próprias conclusões, como acho que todo ser humano é, exprimo as minhas por meio de alguns comentários sobre esse texto, no próprio Blog do Noblat.

“É um parvo esse rapaz. Fala do Lula como se fosse a coisa mais importante aqui na Terra. Somos mais de 43 milhões os brasileiros que o desprezamos. Sobre a bolinha de papel? Custou muito caro essa farsa, o Silvio Santos mostrou uma fatura de bilhões de reais. Na realidade voces não são blogueiros sujos. São blogueiros maqueadores da realidade. Ficam tentando limpar a sujeira deixada pelo Lula e sua turma. Não estão sendo muito eficazes. No primeiro turno mais da metade do Brasil disse não ao Lula. A maioria que disse sim ao Lula e sua cria, com certeza, não acessa blogs porque o que recebem mal dá para se alimentar. Internet no Brasil é para poucos e custa carissimo. O que é uma pena porque o Brasil deveria ser de todos e não dos amigos do rei.”

“Será que este senhor tem certeza que só do outro lado exisitiam as acusações abaixo ?

Matérias falsas, reportagens falaciosas, discursos hipócritas, obscurantismo religioso e a farsa da bolinha de papel, tudo, tudo, foi desmontado em poucas horas dentro da internet.”

“É o fim da picada comparar Serra ao Collor. A história de um nada tem a ver com a história de outro.”

Creio que minha postura está bem clara. Me abstive de publicar um ou outro comentário que me agradou, mas faço um de minha autoria, como continuação ao título deste post: “A honra em servir”. Só se for de capacho.

 

Por Gabriel Goes


Causas e possíveis consequências da escolha de graduações

Em mais uma incursão para as profundezas de minha câmara de incansáveis estudos, consegui, após dias analisando, escrevendo, pensando incessantemente, concluir mais um ensaio, dessa vez, sobre causas e possíveis consequências esperadas pelas pessoas na escolha de seus cursos de graduação. Finalmente, cheguei a um resultado minimamente satisfatório, e aqui o apresento:

– Para Ciências Econômicas, tem-se que a pessoa convive com problemas financeiros e procura solucioná-los por entender como o mundo da economia funciona. Ou seja, ela está é querendo salvar o próprio bolso.

– Para Psicologia, e este é um caso quase definitivo, os graduandos, majoritariamente, buscam tal curso não para compreender as outras pessoas a ajudá-las, mas sim para compreender e ajudar a si mesmo. Isto é, psicólogos ou aspirantes a tanto normalmente tem seus graves problemas psicológicos.

– Para Comunicação Social: a pessoa tem problemas em se comunicar em um meio social, em se conectar com o ambiente a sua volta… bem, talvez esse caso só se aplique a mim mesmo.

– Para Direito, o indivíduo definitivamente só está disposto a ler toda aquela papelada, todos aqueles livros com termos indecifráveis e no mínimo 500 páginas para, no fim, saber que em sua vida não terá problemas nenhum com a justiça.

Poderia eu ficar muitas e muitas horas discorrendo sobre os resultados do meu aprofundadíssimo estudo, que envolveu também a origem e a finalidade que os graduandos de Computação buscam em seu curso, entre muitas outras habilitações universitárias, mas dou-me ao luxo de parar por aqui, pois cada um tem seus problemas e sabe o que faz com sua vida. Deixo também à imaginação de cada um para advinhar o que preservo agora nos meus alfarrábios desse ensaio. Finalmente, a pergunta que realmente vale a pena ser feita é: e então, por que você escolheu seu curso?

 

Por Gabriel Goes


Efeitos da música no cérebro

Depois de muitos dias de reclusão em uma câmara pensando sem descanso, desenvolvi um ensaio – simples, porém complexo (um oximoro, eu diria) – sobre os efeitos da música no cérebro. Cá estão os resultados:

– Para Funk, tem-se o seguinte efeito: seu cérebro vai descendo até o chão, até o mais baixo nível do intelecto humano.

– Para música techno: um martelo está batendo inclemente e infinitamente no seu cérebro, até que não sobre mais nada.

– Para axé, tem-se que: seu cérebro está pulando freneticamente até que os neurônio se espalhem sem volta.

– Para sertanejo, o efeito é: seu cérebro fica triste e decepcionado, chorando até secar.

E assim, concluí meu ensaio. Planejo continuar pesquisando para ainda mais tipos de música, e assim produzir uma extensa galeria de conhecimento acerca do assunto. Espero que tenha contribuído para uma melhor compreensão dos efeitos da música no cérebro humano.

 

Por Gabriel Goes


Depois do arco-da-velha

Quem disse que tinha ouro no fim do arco íris

Errou

Só achei uma poça d’água

Acabou

 

 

Vai ver eu sou ganancioso. Ou não acredito em duendes.

 

Por Gabriel Goes